Esporte e Relações Internacionais (parte 2)
Quando se fala em eventos como as Olimpíadas, fala-se tanto de superação de limites atléticos e técnicos quanto de um cenário de divulgação institucional dos países, de suas propagandas ideológicas, tudo em um imenso palanque de discursos protagonizados pelas mais diferentes mídias. Interesses estatais e corporativos se atritam e convergem-se o tempo todo, tanto pelo seu poder político quanto pelos aspectos de mercantilização do esporte. E o profissional de Relações Internacionais pode ser peça-chave para que objetivos sejam alcançados com total excelência.
Lazer e espetáculo de massas, formadora de personalidade e de espírito combativo entre todas as classes sociais, propulsor do turismo e gerador de empregos diretos e indiretos, provedor de bens e serviços, desenvolvedor de pesquisas e tecnologias, além de instrumento de propaganda estatal e privada. Para o profissional de Relações Internacionais, definitivamente, não são os aspectos lúdicos ou competitivos que realmente importam, isso obviamente cabe aos organismos próprios do esporte. Há, porém, uma política sobre o esporte e outras tantas que acompanham o mesmo. O planejamento e a utilização da atividade desportiva no quadro das orientações políticas e administrativas, esses sim, objetos de interesse do profissional de RI. Essa política fornece uma infinidade de contratos, contatos, concorrências, relacionamentos entre Estados e entre interesses financeiros privados, além da disputa pelo prestígio e projeção internacional. Esses elementos, quando juntos, necessitam de uma abordagem multidisciplinar do qual o profissional de Relações Internacionais é o mais apto para tal. Esse profissional irá orquestrar os demais profissionais envolvidos como um maestro e sua orquestra para que se execute uma bela sinfonia. Vai, portanto, além da execução administrativa, além da contabilidade, além das questões jurídicas, além da medicina esportiva, e tantos outros ramos profissionais também importantes no mundo desportivo.
Conflitos de linguagem, rivalidades históricas, dificuldade para coexistência pacífica, são elementos considerados corriqueiros no cenário internacional. Mas no cenário esportivo, a velocidade em que se estabelecem e se resolvem esses elementos acabam sendo mais eficazes que qualquer organismo internacional político ou ainda ações bélicas. Uma ação descoordenada, sem profissionais capazes de se analisar o todo com propriedade e distribuir tarefas de acordo com os interesses políticos do próprio esporte e os demais interesses com ele envolvidos pode resultar numa catastrófica atuação, seja estatal ou privada, e podendo até mesmo desencadear conflitos de ordem diplomáticas.
Boa parte do sucesso que o país obteve com a realização dos Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro, deveu-se aos profissionais de relações internacionais, ainda que em sua esmagadora maioria pertencentes ao quadro profissional do Itamaraty e do Ministério dos Esportes. Com a chegada de um evento descentralizado como a Copa do Mundo em um país de enormes contrastes regionais como o Brasil, esse profissional deverá ser requisitado em todas as esferas públicas, privadas e de terceiro setor. Quando falamos em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, que possuem razoáveis números de profissionais bem preparados para exercer as atividades de Relações Internacionais, dão confiança o bastante para que nessas cidades a Copa seja um sucesso. Entretanto, serão ao menos oito cidades, podendo chegar a doze, e nenhuma delas, a exceção das três citadas acima, possuem tranqüilidade no que diz respeito à inserção do profissional de Relações Internacionais. E cabe principalmente às comunidades acadêmicas desenvolver meios para que esse profissional seja bem quisto e exigido pelo mercado de trabalho a fim de se explorar ao máximo, e de maneira sadia, todos os potenciais que a Copa de 2014 oferece para o país.
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