IV Frota da US Navy é uma realidade, e as preocupações também.
Desativada desde 1950, a IV Frota Naval da Marinha dos EUA retornou suas atividades desde o dia 12 de junho. Trata-se de uma divisão da esquadra estadunidense destinada aos mares Latino-Americanos, com potencial de navegação em águas internas. Na época de seu lançamento, logo após o fim da Segunda Guerra e início da Guerra Fria, tinha como objetivo patrulhar a costa e águas Latino-Americanas contra qualquer possibilidade de levante subversivo ou de origem soviética. Foi desativada logo no início da década de 50, porém o histórico de ingerências e intervenções diretas dos EUA na América Latina sempre foram traumáticas e um atentado contra a soberania desses países.
Ainda que o Governo Bush justifique a necessidade da IV Frota para missões de paz e solidariedade internacional, e combate ao narcotráfico, na América Latina, a decisão coincide com um momento ímpar na história da América do Sul. Crescimento econômico, blocos se unindo, descobertas de grandes reservas de petróleo, grande potencial alimentício, domínio das técnicas de biocombustível, e o mais preocupante para o Tio Sam, governos populares se renovando e se elegendo por todo o continente, fazem com que a preocupação com a IV Frota seja uma realidade.
Engana-se quem acha que as operações irão se limitar à região amazônica. A hidrovia Paraguai-Paraná é tão estratégico quanto o próprio rio Amazonas, resguardando as devidas proporções. Não foram poucas as manifestações de interesse estadunidense pelas áreas como Foz do Iguaçu, principalmente após o ressurgimento do Mercosul. A região sul do Brasil é área situada exatamente no meio entre o sudoeste brasileiro e Argentina, Uruguai e Paraguai. E até uma proposta de base militar dos EUA em Foz do Iguaçu, em nome de uma medida preventiva contra o terrorismo, foi tentada e barrada pelas características populares tanto do Governo do Paraná quanto do clima de elegibilidade de Fernando Lugo para a presidência do Paraguai. Governos populares como o de Cristina, na Argentina; Tabaré, no Uruguai; Lugo, no Paraguai; Hugo Chavez, na Venezuela; Bachelet, no Chile; Correa, no Equador; Morales, na Bolívia; e o próprio Lula, no Brasil; são riscos reais para um país como os EUA que, quando não consegue impor seus objetivos pela pressão econômica aos governos populares, não teme nenhum resultado de uma intervenção armada.